domingo, 9 de setembro de 2012

Brasileiros na Alemanha - parte I - As múltiplas facetas de Berlin







Voltar à Alemanha foi uma grande emoção. Já havia ido ao país por poucos dias, visitando somente Frankfurt, Colônia e o Vale do Loreley, mas queria conhecer a fundo este país de onde vieram meus bisavós. A porta de entrada foi logo Berlin, a capital alemã recheada de história e ambientes bastante diferentes um dos outros.




O primeiro dia foi praticamente para se instalar no excelente hotel Scandic Berlin e dar uma volta na redondeza, que era basicamente o Tiergarten, famoso jardim, e a Potsdam Platz, com alguns prédios empresariais, como o famoso prédio da Daimler e o Sony Center, além de um grande shopping center. Na primeira noite, fomos a uma cervejaria pra um jantar com direito a linguiças, salsichas e uma deliciosa sobremesa com frutas vermelhas.


Na manhã seguinte, partimos para um passeio pela cidade. A primeira coisa a chamar atenção foi a arquitetura, bastante heterogênea. De um lado, construções que um dia já foram modernas mas que ainda hoje em dia chamam atenção, entre outras contemporâneas bastante grandiosas (muitas delas nas margens do rio Spree); por outro, a herança do perído soviético, com seus prédios funcionais e semelhantes uns dos outros. Esta divisão que Berlin enfrentou durante décadas, até a queda do muro em 1989, deixou várias marcas pela cidade, sendo que ainda são nítidas algumas diferenças entre os dois lados. Talvez por isso hoje seja tão interessante passear por Berlin, pois cada bairro mostra uma faceta diferente. 

Um ponto típico da Guerra Fria que visitamos foi o Checkpoint Charlie, o ponto em que estrangeiros e militares eram autorizados a passar de um lado da Alemanha para o outro. Este símbolo da divisão alemã hoje virou ponto turístico, onde a cabine foi recolocada e podemos ver a foto de um soldado soviético de um lado, e do soldado americano de outro. Estudantes ficam ali "fingindo" serem soldados para tirar fotos com os turistas ao preço de 2 euros. Foi ali perto também que fomos a um dos poucos banheiros em que não foi preciso pagar (dentro de um McDonald's), já que os toaletes sempre saíam entre 30 e 70 centavos.


Nesta mesma manhã, fomos visitar restos do muro de Berlin, outro símbolo máximo da separação entre a Alemanha soviética e a ocidental. É interessante ver como mesmo partes não agradáveis da história são transformados em memória, turismo ou, no caso do muro, em arte. O que ainda está em pé virou um grande mural para diferentes pinturas, uma verdadeira galeria ao ar livre. Em outros pontos da cidade, é possível ver no chão a marca por onde o muro passava. Uma maneira genial de se preservar a memória, porém dando uma roupagem distinta. Ali por perto, a supresa de uma grande escultura do brasileiro Romero Brito, que caracterizou um urso - o símbolo de Berlin - com seu estilo.

Outro lugar impressionante foi a praça onde fica a Universidade Humboldt, lugar marcado por um triste evento: a queima de livros promovida por Hitler. Em sua calçada, uma pequena abertura mostra, abaixo da terra, uma prateleira de livros vazia, simbolizando o ocorrido. Mais uma vez, o povo alemão sempre registrando de maneira criativa e inteligente as memórias - mesmo que doloridas - de sua história.

Passeando de ônibus, me chamou bastante atenção um prédio daqueles abandonados, em que artistas vivem anarquicamente e pessoas vem e vão a toda hora. Mesmo ameaçados de destruição ou de serem vendidos, por enquanto são ponto de interessante dos visitantes.


Passamos pela famosa ilha dos museus, onde localizam-se cinco famosos museus, além da Catedral de Berlin, e fizemos um passeio de barco pelo rio Spree, em um momento que pudemos desfrutar da vista de diferentes construções e paisagens. Foi um lindo passeio, com direito a alguns pingos de chuva, mas nada que atrapalhasse.


À tarde, fomos de volta ao bairro onde estava o hotel para darmos uma volta no comércio local. Também aproveitamos para comer um daqueles maravilhosos doces que a Alemanha tem. Já à noite pudemos conhecer outras partes da cidade que não havíamos ido e também voltamos a outros, como os Portões de Brandemburgo, lindamente iluminados. Fomos a alguns dos famosos pátios de Berlin, em que passamos por pequenas entradas e logo nos deparávamos com prédios, bares e teatros. Frutos da expansão populacional no século XIX, hoje são um verdadeiro charme em meio à cidade.


Impressionante foi o monumento em memória aos judeus mortos no holocausto, uma construção que de certa forma lembra um cemitério, mas quando caminhamos em seu meio nos impressionamos com a altura de cada uma das "esculturas", altura essa imperceptível quando vemos ao longe. Nesta mesma noite ainda caminhamos perto de construções imponentes, como a do parlamento alemão.






Estes primeiros passeios por Berlin já davam sinal de que o passeio seria incrível e que muita coisa ainda vinha pela frente...
(continua...)




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