domingo, 2 de setembro de 2012

A primeira vez a gente nunca esquece


Desde pequeno eu já tive a oportunidade de viajar. Com a família do meu pai morando em Maceió, íamos passar férias em Janeiro na casa da minha avó e passávamos dias indo de praia em praia, casas de parentes e comendo aquelas coisas gostosas da culinária nordestina. Com as passagens a preços proibitivos, as viagens para lá terminaram para dar lugar a férias no litoral de Santa Catarina (Balneário Camboriú e Meia Praia, mais especificamente) e lugares como as termas de Piratuba. Quando estava prestes a fazer 15 anos, tive a opção de escolher um presente e não tive dúvidas: queria ir para a Disney. Não sei de onde nem porque tive essa ideia, já que não tinha amigos nem parentes que já tinham ido. Talvez essa vontade veio de uma mistura de coisas: a vontade de conhecer novos lugares e as experiências de viagem da infância; o fato de crescer vendo meus pais fazendo excursões para Argentina, Chile, Pantanal e muitos outros lugares e achar aquilo o máximo; ouvir as notícias de que minha avó tinha acabado de voltar de Nova York ou de outras viagens sendo que eu nem sabia que ela tinha ido; enfim, algo que talvez já estivesse correndo pelas veias sem eu saber.

Ir para os Estados Unidos perto dos 15 anos foi um divisor de águas. Mesmo a Flórida sendo super latina, foi um choque muito grande ver como as coisas funcionam diferente em outros países, como as pessoas se comunicavam em línguas diversas mas acabavam se entendendo, como o mundinho em que eu vivia era bem pequeno perto do que existe fora dele. Mais que os parques ou tirar fotos com o Mickey, o que me marcou muito foi ver como tudo era muito organizado e limpo, como todos respeitavam as filas e os sinais, como haviam muitas crianças gordinhas, como eles comiam sanduíche do McDonald’s no café da manhã. Esse tipo de coisa me fascinou, me fez ver que o mundo não é igual ao Brasil e vice-versa, que tinha coisas que eu gostava mais no Brasil que lá ou o contrário. Esse choque pra mim foi só pro lado positivo, porque foi o começo de um movimento de abrir a minha mente para o mundo, para o novo. Daquela viagem eu trouxe coisas e lembranças que carrego comigo até hoje (e sou eternamente grato a meus pais por não acharem loucura eu viajar com mais 140 adolescentes naquela excursão e viabilizarem a viagem).

Hoje em dia eu vejo que existe um universo de possibilidades de lugares para se conhecer e não só fora do país – até mesmo dentro de nossas próprias cidades (a gente sempre descobre que tem lugares bem legais perto da gente e que não damos muita importância até conhece-los). Quando nos abrimos a essas possibilidades, mesmo que não podemos usufruir delas com muita frequência, seja por restrições financeiras ou tempo, um mundo novo começa a nascer dentro da gente.

Como diz uma música da Marisa Monte que eu gosto bastante “eu já não me sinto só com o universo ao meu redor”.


Foto: www.viajandoparaorlando.com

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