Desde pequeno eu já tive a
oportunidade de viajar. Com a família do meu pai morando em Maceió,
íamos passar férias em Janeiro na casa da minha avó e passávamos dias
indo de praia em praia, casas de parentes e comendo aquelas coisas
gostosas da culinária nordestina. Com as passagens a preços proibitivos,
as viagens para lá terminaram para dar lugar a férias no litoral de
Santa Catarina (Balneário Camboriú e Meia Praia, mais especificamente) e
lugares como as termas de Piratuba. Quando estava prestes a fazer 15
anos, tive a opção de escolher um presente e não tive dúvidas: queria ir
para a Disney. Não sei de onde nem porque tive essa ideia, já que não
tinha amigos nem parentes que já tinham ido. Talvez essa vontade veio de
uma mistura de coisas: a vontade de conhecer novos lugares e as
experiências de viagem da infância; o fato de crescer vendo meus pais
fazendo excursões para Argentina, Chile, Pantanal e muitos outros
lugares e achar aquilo o máximo; ouvir as notícias de que minha avó
tinha acabado de voltar de Nova York ou de outras viagens sendo que eu
nem sabia que ela tinha ido; enfim, algo que talvez já estivesse
correndo pelas veias sem eu saber.
Ir
para os Estados Unidos perto dos 15 anos foi um divisor de águas. Mesmo
a Flórida sendo super latina, foi um choque muito grande ver como as
coisas funcionam diferente em outros países, como as pessoas se
comunicavam em línguas diversas mas acabavam se entendendo, como o
mundinho em que eu vivia era bem pequeno perto do que existe fora dele.
Mais que os parques ou tirar fotos com o Mickey, o que me marcou muito
foi ver como tudo era muito organizado e limpo, como todos respeitavam
as filas e os sinais, como haviam muitas crianças gordinhas, como eles
comiam sanduíche do McDonald’s no café da manhã. Esse tipo de coisa me
fascinou, me fez ver que o mundo não é igual ao Brasil e vice-versa, que
tinha coisas que eu gostava mais no Brasil que lá ou o contrário. Esse
choque pra mim foi só pro lado positivo, porque foi o começo de um
movimento de abrir a minha mente para o mundo, para o novo. Daquela
viagem eu trouxe coisas e lembranças que carrego comigo até hoje (e sou
eternamente grato a meus pais por não acharem loucura eu viajar com mais
140 adolescentes naquela excursão e viabilizarem a viagem).
Hoje
em dia eu vejo que existe um universo de possibilidades de lugares para
se conhecer e não só fora do país – até mesmo dentro de nossas próprias
cidades (a gente sempre descobre que tem lugares bem legais perto da
gente e que não damos muita importância até conhece-los). Quando nos
abrimos a essas possibilidades, mesmo que não podemos usufruir delas com
muita frequência, seja por restrições financeiras ou tempo, um mundo
novo começa a nascer dentro da gente.
Como diz uma música da Marisa Monte que eu gosto bastante “eu já não me sinto só com o universo ao meu redor”.
Foto: www.viajandoparaorlando.com
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